Seguidores

quinta-feira, novembro 13, 2008

Hora do Conto

(Jardim de Infância de Avis)

(Jardim de infância de Alcórrego)





Recomeçou a viagem dos contos e dos livros.


O tapete com a história "Elmer e o ursinho perdido" foi a escolhida para iniciar a actividade.

quinta-feira, novembro 06, 2008

Leituras à mesa

Encontra-se disponível na Biblioteca Municipal e no Pólo de Benavila uma diversidade de obras de culinária, ao seu dispôr.
Poderá vêr e comprar.
Porque não escolher as suas prendas de Natal.
Ofereça Livros
Ofereça um livro de culinária.

sábado, novembro 01, 2008

"Morreste-me" de José Luis Peixoto

"Pai. A tarde dissolve-se sobre a terra, sobre a nossa casa. O céu desfia um sopro quieto nos rostos. Acende-se a lua. Translúcida, adormece um sono cálido nos olhares. Anoitece devagar. Dizia nunca esquecerei, e lembro-me. Anoitecia devagar e, a esta hora, nesta altura do ano, desenrolavas a mangueira com todos os preceitos e, seguindo regras certas, regavas as árvores e as flores do quintal; e tudo isso me ensinavas, tudo isso me explicavas. Anda cá ver, rapaz. E mostravas-me. Pai. Deixaste-te ficar em tudo. Sobrepostos na mágoa indiferente deste mundo que finge continuar, os teus movimentos, o eclipse dos teus gestos. E tudo isto é agora pouco para te conter. Agora, és o rio e as margens e a nascente; és o dia, e a tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde; és o mundo todo por seres a sua pele. Pai. Nunca envelheceste, e eu queria ver-te velho, velhinho aqui no nosso quintal, a regar as árvores, a regar as flores. Sinto tanta falta das tuas palavras. Orienta-te, rapaz. Sim. Eu oriento-me, pai. E fico. Estou. O entardecer, em vagas de luz, espraia-se na terra que te acolheu e conserva. Chora chove brilho alvura sobre mim. E oiço o eco da tua voz, da tua voz que nunca mais poderei ouvir. A tua voz calada para sempre. E, como se adormecesses, vejo-te fechar as pálpebras sobre os olhos que nunca mais abrirás. Os teus olhos fechados para sempre. E, de uma vez, deixas de respirar. Para sempre. Para nunca mais. Pai. Tudo o que te sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei."

José Luís Peixoto In Morreste-me